sexta-feira, 27 de julho de 2007

Fora (de mim)


Jogo fora todo o amor que me deste. Amarroto as cartas que nunca me escreveste, desfaço em pedaços as rosas vermelhas que nunca te pedi! Além do mais, queria-as brancas, porque é das brancas que eu gosto e são as que me comovem. Deito fora as vermelhas que nunca recebi e só em sonhos pus em jarras que me enfeitavam a casa de amor... O amor que me deste e que eu nunca recebi. Rasgo em pedaços os recados de "Jantar esta noite?! Cozinho eu!" e os de "Amo-te!" que me deixavas presos aos ímans de frigorífico e em todos os sítios onde eu só descobria dias mais tarde, em dias de limpeza do ninho que nunca houve. Apago do telemóvel as centenas de mensagens tuas com declarações de amor e com provocações devassas que me acendiam a alma e que me incendiavam o corpo! Apago-as todas... como se as tivesse recebido. No final parto as molduras e apanho os cacos sem tirar de lá as fotografias onde apareciamos juntos e felizes a contar às máquinas fotográficas quão grande era o amor que sentiamos um pelo outro. Para o lixo essas fotografias que nunca houve, como não houve as confissões às máquinas fotográficas.

Arranco-te de mim a ti e a todo o amor que me deste... esse que não recebi...

16 comentários:

Alias disse...

Como é que se apaga uma luz que nunca esteve acesa...
Como se fecha uma porta que nunca se abriu...
Como se dá vida a um silencioso monte de pó...
Com desdém digo eu!

Ana Fonseca disse...

Alias: Dizes mal... a maior parte das vezes é com dor! Os sonhos bons são difíceis de largar!

João: não percebi as reticências... :(

Alias disse...

E quem te disse que o desprezo é isento de dor.
Continua a sonhar...um dia torna-se realidade.
É assim que gosto de ti Aninha, altiva e sonhadora!

Cuca disse...

esta foto é muito linda!!!
=)
beijinhos

Anónimo disse...

Porquê? :(

Anónimo disse...

Meu Deus Aninha, o texto está brutal. Há mt que não passava por aqui e, de repente,ao ler tuas palavras, dei por mim a sentir o coração apertado.
Que as boas energias consigam sempre apaziguar teu coração!
Joana

Trojan00 disse...

Apanhei-te!!!

Armado em "Sherló Gomes", mas apanhei-te....

estou deliciado!!!

duascoisasmuitoimportantes.blogspot.com

Anónimo disse...

Diante de coisas belas, no mais das vezes, ficamos sem saber o que dizer, com medo que nos saia uma bobagem que estrague o momento.

R. disse...

Lindo,o que toca aqui*

beijinho

Unknown disse...

Depois de um amor, vem outro e depois desse outro ainda e mais um e ao fundo avistam-se mais alguns.
beijos

Mary Lamb disse...

Por vezes, as coisas nao sao como queremos. Mas n e o fim do mundo, pois nao?
beijos

Alias disse...

Hummmmm....mais de um mês sem posts? Que é feito?

Anónimo disse...

"O bairro do amor é uma zona marginal
Onde não há hotéis nem hospitais
No bairro do amor cada um tem que tratar
Das suas nódoas negras sentimentais"
J.P.

Ana Fonseca disse...

Pedro V.: essa é a minha parte prferida dessa letra. Absolutamente fantástico, não é? :)
"nódoas negras sentimentais"...

Sim, cada um tem que tratar das suas...

beijinhos

Anónimo disse...

"O mundo p'ra mim é cheiro, amor,
Constrói-se a cada instante que inspiro.
Não é o ar que respiras que me alimenta,
É o cheiro do sangue, do horror
De um mundo a preto e cinza,
Onde só o sangue tem cor...
Um mundo onde cada odor
É uma fronteira a construir um mapa dos sentidos,
Onde cada cheiro
São dedos estendidos
Lutando para reconhecer o mundo cego em que vivo..."

Valter Ego

Simone disse...

Exactamente o que eu diria acerca da minha história...
Ainda não consegui apagar tudo, mas com tempo vou lá.